quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Última Passagem

[Ruínas de Conímbriga, Junho de 2009]

Há muitos séculos atrás, passou por baixo desta porta um romano que aqui vivia, pela última vez na sua vida. Essa passagem por dentro desses limites de paredes e tecto não ficou registada na memória de ninguém, ou perdeu-se passado algumas gerações... ou, e seria tão bonito acreditarmos nisso, a memória dessa última passagem desse homem por baixo desta porta continua presente nos nossos dias. Talvez se tenha preservado o seu nome, a sua idade, a causa da morte, se a última passagem pela porta foi de fora para dentro de casa ou de dentro para fora, se o homem reparou na porta, enfim... muitas perguntas podem ter uma resposta. É possível que alguém saiba. Os descendentes dos descendentes dos bisnetos desse homem.

Ou então toda esta vã esperança é logo morta à partida com o facto possível de ser descoberto de que nunca passou um homem por essa porta, visto que dava acesso a uma residência só de mulheres. E, sendo assim, a esperança de encontrarmos no mundo uma resposta às tais perguntas se desvanece no ar, como água que passa a vapor e se dissipa... porque simplesmente não existem dúvidas, nem questões, nem nada.

2 comentários:

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Tudo e nada existe. Porque o Tempo tudo e nada regista nos seus pergaminhos amarelecidos que definham. Se o homem passou ou não, só os pergaminhos sabem, que o Tempo é vasto e já se esqueceu ^^

Patrícia disse...

É engraçado como o post aborda alguns pormenores que à primeira vista não seria capaz de sequer pensar em tal coisa.
Eu por acaso este ano fui a Miróbriga e foi muito giro.

Beijinhos Tiago=)
Patrícia

 

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