quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

À procura do William...

HAMLET - Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer... dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando afim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos.

Assim diz o Príncipe na peça de William Shakespeare. Assim o direi eu, quando entrar na sua pele, quando me transformar no seu ser. Nesta peça serei quatro seres distintos, apanhados no meio de um turbilhão de textos de Shakespeare, William Shakespeare, todos misturados e formando juntos um só conjunto: Alonso ( d' A Tempestade - rei de Nápoles), Próspero ( d' A Tempestade - o legítimo Duque de Milão), Hipolito ( da Fedra [não é de Shakespeare, mas sim de Racine] - filho de Teseu, e de Antíope, Rainha das Amazonas), e Hamlet ( do Hamlet - um príncipe em busca de vingança).

E ser quatro pessoas numa peça, decorar 27 deixas, num total de 75 linhas (aproximadamente) vai ser um desafio para mim. É a terceira peça que vou representar na Animateatro. Muito provavelmente a mais desafiante, e sem dúvida a que tenho mais expectativas logo ao primeiro dia depois de ter recebido os textos.

Começa hoje a procura de William... vamos ver se o encontro.

domingo, 29 de novembro de 2009

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Há músicas que só de ouvir mudam o estado de espírito de uma pessoa. Esta é definitivamente uma delas. Oiçam. :)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Procura-se: Sol!

[Tirada hoje de manhã]

A última vez que foi visto foi às sete e cinquenta e cinco da manhã de hoje! Dez minutos antes nasceu, e parecia que o dia ia ser luminoso e radiante. Infelizmente escondeu-se por trás das nuvens e choveu durante todo o dia. Não foi visto desde então.

O dia do corta-mato da escola aproxima-se, e nele vou aplicar todas as reflexões sobre a corrida que Haruki Murakami tem no seu livro, que já aqui falei. Por favor, sol, regressa rápido, fazes-me falta...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Graças a Murakami, hoje corri.


[Pormenor da capa do livro do Murakami - foto tirada por mim.]

Existem alguns livros que provocam em mim uma sensação de tristeza e alegria enquanto os leio: é que vou pensando de vez em quando no momento em que os acabar, em que chegar ao fim das páginas e não tiver mais conteúdo para ser lido. Há livros que provocam isto em mim. E o «Auto-Retrato do Escritor enquanto Corredor de Fundo», de Haruki Murakami, está a ser um desses livros. Por um lado é bom, porque significa que está a ser um daqueles livros que me toca de tal maneira que receio a hora em que acabar. Por outro é mau, porque odeio não me concentrar totalmente no presente, e ir pensando no momento futuro em que não vou gostar de terminar a obra.

Existem algumas coisas diferentes nesta obra de Murakami que diferem dos seus livros que li anteriormente: não é um romance, mas sim um... ensaio autobiográfico (?), que se centra no facto de o autor ser um corredor de fundo (de resistência, longas distâncias), mas não se limita a isso; percorre uma infinidade de temas, reflexões, comparações e outros planos paralelos da sua vida. E sendo este senhor japonês o meu autor preferido desde Março, altura em que terminei de ler o seu segundo romance, este livro é como um manual de inspiração para mim. Ele explica a sua rotina, explica os seus pensamentos, abre a sua alma aos leitores. Nada melhor.

De manhã li o primeiro capítulo - 20 páginas. Foi o suficiente para tomar uma decisão: hoje, começo a correr. Sim. Quando sair da escola às seis e meia, passo por casa para deixar a mala, lanchar e vestir umas calças de fato-de-treino; depois vou para a marginal da baía, aqueço cinco minutos, e corro 1700 metros para lá, e mais 1700 para cá. Quando voltar a este sítio terei 3400 feitos. Sem parar. Seria um record, visto que nunca tinha feito tal distância. levava também um cronómetro, como referência, mas quando é a primeira vez não faço contra-relógio.

Comecei a correr eram aproximadamente 19:20, pouco menos. Já era noite. As estrelas brilhavam, a lua estava em quarto crescente. O primeiro quilómetro foi fácil. A partir daí as coisas mudaram. Quando cheguei ao fim do local onde tinha obrigado a mim próprio chegar, aos 1700, e dei meia-volta para fazer a viagem de volta, observei o cronómetro e observei 9 minutos e quinze segundos. Uau, pensei. Estava a correr três metros por segundo (embora estas contas só as tenha feito quando cheguei a casa). A viagem de volta foi muito penosa. Pensei em desistir por diversos momentos, mas fazia empre mais um esforço. Os últimos quinhentos metros... os últimos duzentos... foram tão penosos. Tinha quase vontade de vomitar. Mas continuei. E consegui. Ergui os braços,a respiração acelerda, o coração a bater desenfreado (mesmo). Mais um bocadinho e teria caído para o lado. A diferença é que consegui cumprir o objectivo a que me propuz. Bati aquilo que alguma vez poderei ter feito. E da próxima vez, pela ordem lógica das coisas, vai ser mais fácil.

Onde fui buscar toda esta inspiração? Ao livro de Haruki Murakami, claro. Chegado a casa, depois de acalmar um pouco, peguei na obra e li mais um capítulo - trinta páginas. Devorei-as, senti-me ali retratado. Tenho a agradecer a este autor, porque tem espandido, literária e agora fisicamente, um pouco os horizontes da minha vida. Correr nunca mais vai ser a mesma coisa.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Saudades de fotografar...

Pode parecer um cenário de apocalipse, mas não é. Fogo-de-artíficio a subir no céu, a iluminar o tecto daquela aldeia, a tornar a noite cerrada em dia por uns minutos. São estes momentos que gosto de captar com uma máquina fotográfica - não propriamente os mais belos, mas sim aqueles que me transmitem mais sentimento.

O segredo não está em tirar fotografias à coisa mais bonita que alguma vez vimos - porque se o fizermos vamos desiludir-nos. Nunca vamos conseguir reproduzir a beleza num ficheiro JPG. A beleza é tão grande que não cabe em nenhum cartão de memória. Mas então e o sentimento? Caberá?

É que a beleza é impossível de reproduzir tal qual na realidade. Mas o sentimento, esse, pode até ser aumentado através de uma foto. Não com esta que aqui coloquei, tirada por mim este Verão, mas com outras muito mais poderosas. Existem fotografias que me dão a volta à cabeça, cuja genialidade do fotógrafo me espanta...

Acontece que a minha máquina se partiu em Março, ao cair num autocarro durante uma visita de estudo. Voltou no Verão, para apenas funcionar durante um mês. E voltou em Outubro para funcionar por apenas uma semana. Agora deram um cheque no valor da máquina para comprar outra.

Falta pouco para matar esta saudade de fotografar.

sábado, 14 de novembro de 2009

A prova matemática da existência de Deus

Vamos lá ver se vos consigo explicar isto bem. Facto: Deus existe. Ok, neste momento é certo que ainda tenham dúvidas, visto que foi apenas uma afirmação; sem provas, é tão verdadeira como dizer que «As baleias comem árvores». A diferença é que tenho uma prova, matemática!, da veracidade da primeira. Por favor, tentem seguir o meu raciocínio.

Quem é que aqui acredita em probabilidades? Por exemplo... está a chover. Existem 99,999% de probabilidades de a chuva serem as gotas de água que caem das nuvens, que estão a condensar. Existem 0,001% de probabilidade de ser uma baleia voadora gigante a voar, à medida que vai chorando as mágoas da vida. Em qual vamos acreditar? Na hipótese do 99,999% da primeira, certo? Estamos em consenso? Acreditamos na teoria que tem a mais clara vantagem de probabilidades de ser verdadeira.

Ok. Vamos fazer agora a equivalência entre o exemplo estúpido e a existência de Deus. Olhem á vossa volta. Estão em frente a um computador (frabricado não se sabe onde), sentados numa cadeira (criada sabe-se lá por quem!), vivem numa sociedade organizada, com horários, comem, bebem, todas as coisas e os factos estão intimamente relacionados! Tudo está organizado, previsto... somos mais do que inteligentes: temos um sistema social extremamente complexo.

Quais são as probabilidades de, resultado do Big Ban (uma explosão(g, uma sociedade deste género ter sugido depois de biliões de anos de criação de planetas e modificações genéticas sucessivas? Mais ou menos de 0,000000000000000000000000001? Sim. A probabilidade de termos evoluído a este ponto a partir de uma explosão chamada Big Bang é de menos de 0,000000000000000000000000001%. Estamos de acordo? Ou seja... terá sido sorte? Uma coincidênciazinha?

É aqui que está o centro da questão! Não foi uma sorte do caneco, nem uma coincidência gigante, estarmos neste 0,000000000000000000000000001%! Só há uma explicação, caras pessoas: Deus existe. Deus orientou-nos até esta sociedade. Mesmo pondo de parte Adão e Eva, pondo de parte a Arca de Noé e a salvação de um par de cada espécie antes do dilúvio... pondo de parte a mitologia biblica... 99,999999999999999999999999% da probabilidade de estarmos aqui hoje, desta forma, organizadamente... está em termos sido orientados.

Em qual das probabilidades vão acreditar? A escolha é vossa. Mas sejam realistas.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Deus existe?

Aceitam-se teorias, e, se possível, provas. E eu sei a solução. Amanhã, ou assim, digo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Influência da Música no Verbo Escrever

Como pessoa, tenho algumas manias. Como toda a gente, aliás. Mas particularmente como leitor, e "escritor", tenho algumas bem particulares. Por exemplo, só consigo escrever algo que gosto quando ao mesmo tempo estou a ouvir música. Pode ser uma banda sonora de um filme, uma sonata de piano, uma coisa qualquer... tem é de combinar com a história.

Só para ficarem a saber. Neste momento estou a escrever no décimo capítulo da Paris, e a ouvir a banda sonora de JUNO.

domingo, 18 de outubro de 2009

Pseudo-Auto-Entrevista

Está-me a apetecer fazer uma entrevista a mim próprio, como um apresentador de televisão interroga um autor apaixonado pela literatura que lê e que produz.

Com que idade começou a escrever?
Olha, comecei a escrever com cinco anos (risos). Ou pelo menos as primas letras, e assim. Creio que para se inventar histórias e as escrever é necessário dominarmos minimamente a língua, daí que, como observo pelos meus cadernos da primária, o meu processo criativo no papel começou mais ou menos com os meus 7 ou 8 anos.

De que género de histórias estamos a falar?
Essencialmente ligadas a mistérios, investigações... digamos, policiais (risos)! Na verdade, autênticos policiais. Eu e um grupo de amigos éramos os personagens; formávamos um clube detective e investigávamos os casos com que nos íamos confrontando. Desde um misterioso papel, ao desaparecimento de pessoas... o problema é que as histórias nunca acabavam!

Porquê?
Como muita gente, escrevi dezenas de começos de histórias até finalmente ter conseguido acabar uma... neste caso, sete anos mais tarde! Sim, parece assustador, e à primeira vista faz pensar que é necessária uma grande persistência. Na verdade, não é. Sim, de vez em quando ficava frustrado por não conseguir acabar esta ou aquela história, ou por pensar que tinha tido uma grande ideia e não a conseguia desenvolver... essa falta de ânimo incomoda, sim... mas o prazer encontrava-se essencialmente no acto de começar uma nova história. Foi nisso que acreditei durante muitos anos.

"Durante muitos anos"... quer então dizer que já não é assim?
Não necessariamente. Ou talvez sim. Agora não sei bem o que responder, estou confuso (risos). Mas sim, posso dizer que antes começar uma história era algo memorável, em que escrever "Capítulo 1" me punha fora de mim, com tanta vontade de a escrever. Era uma sensação épica,d e que estava perante o projecto da minha vida - embora soubesse perfeitamente, no fundo do meu ser, que nunca a iria terminar. De facto, tenho quase trinta histórias. Ou trinta começos, como preferires.

Podes desenolver um pouco mais a ideia? Ou seja, disseste que antes sentias que o começo era algo épico... agora já não é?
Não sei. Estou numa fase de transição, digamos assim. Certos factores estão a levar-me nesse sentido. Por exemplo, o facto de ler muito mais do que lia. Isso é uma grande ajuda. E, falando especificamente da história que estou a escrever, a Paris, não senti nada quando a comecei escrever. As primeiras páginas foram escritas por ser escritas; aliás, só coloquei o "I" de primeiro capítulo quando o terminei de escrever (risos)! Ou seja, nota-se aqui uma grande diferença.

Não tem saudades dos tempos em que o acto de começar a história é que era a melhor fase do projecto?
Era a melhor fase do projecto porque era uma das poucas! E não, não tenho saudades. Acho que descobri que tenho de manter a calma, manter o nível de entusiasmo constantemente num nível médio, para não criar expectativas elevadas.

Obrigado, Tiago. Pode ser que continuemos esta entrevista em breve. Ou se calhar só daqui a uns anos.
Obrigado eu. E sim, eu sei como é complicado conciliarmos as nossas vidas para arranjarmos um tempo livre comum aos dois para fazermos estas coisas (risos).

*

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Como um peixe na água

[Foto minha, espaço Animateatro, Maio de 2009]

Hoje, há menos de meia hora, disseram-me uma coisa muito verdadeira. Senti que, naquele momento, alguém me retratara exactamente como eu até então tinha a noção de ser. Mas vamos por partes. Para quem não sabe, eu amo teatro. Não consigo imaginar o meu dia-a-dia sem a expectativa de uma vez por semana, agora duas, não me juntar com um grupo para fazer teatro, ou exercícios relaccionados com teatro, ou qualquer coisa que se assemelhasse a teatro. Eu sei que disse demasiadas vezes teatro, mas não me importa, digo mais: teatro teatro teatro teatro. Se não chegar, tomem mais uma: teatro.

Teatro.

Já perceberam que é um gosto muito grande que tenho. Muito provavelmente o maior. Ora estava eu hoje no Núcleo de Teatro da Escola quando, depois de termos decorado durante duas semanas um soneto, chegou o momento de o declamarmos. Fui ao palco, e disse-o.

Com mãos se faz a paz se faz a guerra,
com mãos tudo se faz e se desfaz,
com mãos se faz o poema e são de terra
com mãos se faz a guerra e são a paz.

Com mãos se rasga o mar; com mãos se lavra
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
As mãos que são o canto e são as armas.

Cravam-se no tempo como farpas
As mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade
ninguém pode vencer estas espadas!
Nas tuas mãos começa a liberdade.

Depois sentei-me, e vi os os outros declamarem o mesmo poema. De Manuel Alegre, a propósito. No fim, o encenador disse-nos para, a seguir, voltarmos a ir dizer o poema, só que encarnando um sentimento/personagem levada ao extremo. Podíamos exagerar. Exagerei. Pus-me a gritar, o meu corpo a tremer todo involuntariamente, sentindo a tristeza, à medida que dizia as palavras sem pensar nelas. A minha respiração era entre cortada, e estava desesperado. No fim não consegui deixar de tremer. Não consegui dizer uma palavra, a não ser obrigado quando o encenador me disse como tinha corrido.

E foi então que alguém na plateia, um dos outros alunos, disse algo. E é esta a parte mais importante:

«O Tiago parece que muito estranho, quase maluco, quando nos vemos lá fora, sempre a contar piadas, e assim! Mas aqui dentro, no teatro, ele parece que está super à vontade: como um peixe na água.»

Foi uma das coisas mais verdadeiras que alguma vez me disseram. E eu senti-me completo naquele momento. É verdade. No palco... sou um peixe na água.

sábado, 10 de outubro de 2009

A Esperança Está Onde Menos se Espera

[Poster oficial do filme de Joaquim Leitão]

Nos últimos anos, têm vindo a ser feitos alguns filmes portugueses, mais ou menos todos à volta da mesma temática. Do agrado de alguns, e desagrado de outros (nomeadamente meu), a minha opinião acerca do cinema «made in Portugal» caía a pique. Com este filme, a tendência não só se inverteu, como fiquei à espera do próximo filme de Joaquim Leitão - de preferência, que jogue outra vez pela originalidade, como fez com este A Esperança Está Onde Menos Se Espera.

Entrei na sala com a expectativa muito elevada. Vira o trailer umas cinco vezes, lera críticas pelos blogs e sites especializados, e as opiniões divergiam. Curiosamente, nem as negativas me baixaram o ânimo para ver o filme. Sentei-me, esperei que o filme começasse. O filme estava já na sua terceira semana de exibição, e mesmo assim deviam estar umas 50 pessoas na sala.

Assim que começou, tive logo a sensação de que o que aí vinha era algo poderoso. Um filme que não só ia de encontro com aquilo que eu estava à espera, como ia exceder tudo o que podia ter imaginado. Ao longo das cenas, a emoções foram mudando. Divertimento, pena, tristeza, saudade, esperança, desespero...

E fui o último a sair da sala, porque tive de esperar que os créditos chegassem ao fim para me conseguir levantar da cadeira, de tal forma o filme me tocou. Embora a interpretação de uma ou outra personagem tivessem deixado um pouco a desejar, A Esperança Está Onde Menos se Espera entrou para a elite dos melhores filmes que já vi de sempre.

Ainda vai estar em alguns cinemas até à próxima quinta-feira. Não podem perder este.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Madrid: Quarta-Feira

[A única fotografia que fui capaz de tirar da Catedral de la Almudena, o único vislumbre de beleza que achei digno de guardar. O resto fica interiormente. 19 de Setembro deste ano. Aproximadamente três horas da tarde.]

Quarta-Feira dedicámos a manhã e a primeira metade da tarde a visitar algumas ruas do centro de Madrid. Tinhamos direito a uma entrada grátis no Parque WB, mas decidimos que só a partir das seis da tarde iríamos usufruir. Até essa hora, percorremos as ruas da capital espanhola, em tanto parecida com a Baixa Lisboeta, e com o Chiado. As grandes calçadas, o comércio, os próprios edifícios, tudo isto envolto num sol matinal, e numa alegria presente na maioria das pessoas que passeavam - umas para cima, umas para baixo - mas sentia-se algo diferente.

Vimos estátuas humanas, vimos esplanadas cheias, vimos becos mais vazios, e avenidas cheiinhas. Comemos num mercado, com bancas dedicadas a pão, carne, peixe, legumes, frutas... servimo-nos de umas sandes e de uns sumos, e matámos a fome. Foi a seguir ao almoço que avistei a catedral que mais me marcou em toda a minha vida. La Catedral Nuestra Señora de la Almudena.

Senti no ar o aroma da paz, assim que coloquei um pé no interior. Os tectos altos, as colunas belas, a disposição dos bancos, os vitrais nas janelas, o silêncio espirituoso. Dentro da catedral, senti-me protegido - acho que não consigo definir melhor do que isto: protegido. À cabeça vieram imagens de uma população a esconder-se no interior da grande igreja, a sentirem-se bem ali dentro, sem os problemas do mundo exterior. Gostava que a Catedral de la Almudena estivesse mesmo aqui ao lado, para lá ir sempre que precisasse. Sentei-me, olhei para o altar - o momento foi de paz, senti-me abraçado e confortado. E se eu já estava feliz, ainda mais o fiquei depois disso.

O resto do dia pareceu insignificante. Da segunda visita ao parque pouco guardo dentro de mim. O tamanho, a paz, a protecção que senti naquela Igreja, prenderam-me lá dentro depois de muito tempo passado de eu ter saído. Acho que um pouco de mim ainda lá permanece. No dia seguinte iríamos regressar ao centro da capital.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Legislativas 2009 | Debates Televisivos

[Imagem novamente retirada do Google - estereotipada, e com pouca qualidade, mas é o que se arranja]

Dia 28 de Setembro os cidadãos portugueses com mais de dezoito anos vão ter acesso aos boletins de voto, nos quais assinalarão o candidato a primeiro ministro que acharem ser o mais indicado para o cargo. Para tal, cada pessoa precisa de saber as propostas que cada um quer apresentar para o país. E avaliar o grau de viabilidade e veracidade de tais propostas. Esta tarefa exige um trabalho intelectual por parte de cada um. Há quem leve mais a sério e há quem leve na desportiva, mas a escolha é de facto importante.

Ontem assisti à Grande Entrevista a José Sócrates, na RTP; sempre que posso, faço questão de assistir a entrevistas e debates políticas, porque é uma área que está dentro do meu interesse. Não vou falar aqui das minhas tendências políticas, até porque eu próprio ainda não as descodifiquei por completo. No entanto, daqui a dois anos já poderei votar, e tenho de começar já a descobrir quem apoio.

E ver debates, e assim, é uma coisa que me entusiasma, não sei explicar porquê. Hoje vai começar uma série de frente-a-frentes políticos, na caminhada para as Legislativas deste ano. Na TVI, às 20:45, José Sócrates em debate com Paulo Portas. E ao longo das próximas duas semanas, todos os candidatos dos cinco principais partidos vão estar frente-a-frente uns com os outros.

Parecem umas óptimas duas semanas televisivas para quem gosta desse tipo de coisas, não parecem?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

1 de Setembro

[Imagem retirada da Web, pesquisei no Google pelo termo escrito na própria fotografia - no sítio onde estou neste momento a postar não tenho acesso a fotografias minhas... o que se há de fazer?...]


Uma pequena pausa na narração da minha viagem a Madrid, para falar acerca do dia de hoje. Não do que aconteceu no dia de hoje, mas no dia '1 de Setembro' em si. É a rentrée, é o recomeço, é a fonte de uma alegria e sensação de poder de escolha indescritível. É a Tabula Rasa, o começar de novo.

Não sei o que mais dizer. Não o aproveitei da melhor forma possível, mas senti-me bem. Em breve, a escola. Já me faz falta, depois de tantas férias. E tenho Os Maias a encravar-me o sistema.

E não sei o que mais dizer. Só para que fique registado o quanto eu gosto deste dia.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Madrid: Terça-feira

[Fachada da Entrada no Parque Warner Bros, em Madrid. Fotografia tirada no dia 18 de Agosto de 2009]

O Parque da Warner Bros. Produtora que é responsável por muitas figuras nossas conhecidas, como o Perna-Longa, o Piu-Piu, o Duffy Duck, o Silvestre, o Marvin (o Marciano), o Monstro da Tazmania (conhecido por Taz). Este parque de diversões era dividido em cinco zonas: Cartoon Village, Old West Territory, DC SuperHeroe World, Warner Bros. Studios e Hollywood Boulevard. Cada uma das zonas tinha uma temática. Montanhas russas havia por todo o lado, simuladores de vez em quando, casas assombradas aqui e ali, restaurantes também, e um mundo de fantasia palpável.

É um lugar bonito de se ir. E devem estar a pensar - mas que raio de adjectivo ele foi dar ao parque! Bonito! Um local cheio de emoções fortes, montanhas russas, uma torre no meio que sobe a 100 metros de altura, as pessoas se sentam numas cadeiras, sobem até lá acima, e depois voltam para baixo em queda livre! Bonito, diz ele! Divertido e espetacular, isso sim!

Não sou uma pessoa que aprecie este tipo de emoções fortes. Talvez seja medo, embora eu não goste de o apreciar dessa forma. Fiz no entanto um esforço para andar em duas montanhas russas, uma fraquinha e a outra mais moderada. É claro que me arrependo a meio da subida, mas no fim só me apetece rir à gargalhada. E é o que faço.

Então porquê o adjectivo bonito? Porque todos aqueles edifícios, a simular uma cidade urbana; Gotham City, a imitar o ambiente futuristico-industrial das histórias do Batman, o Oeste dos Cowboys faz-nos sentir no ambiente original... e as casas dos looney-toons, os próprios bonecos a andar pelas ruas. É bonito, porque faz materializar os sonhos. De repente podemos tocar nos edifícios, de outras épocas e outros locais.

É um adjectivo estranho para um parque de diversões de emoções fortes... mas sim, para mim foi bonito. E divertido, pronto, admito. No dia seguinte, quarta-feira, decidimos que iríamos a Madrid propriamente dito.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Madrid: Segunda-Feira

[Placa da estrada a indicar a direcção de Madrid; tirada nos arredores da capital espanhola, no dia 17 de Agosto deste ano]

Existem viagens, e viagens. É verdade que também existem cidades, e cidades. Não partia com grande expectativa para Madrid, por isso acabou por ser uma revelação positiva. Não tão marcante como o foi Paris (à oito anos!), nem Tomar (à nove!), nem La Manga (à seis, se não me engano), Madrid mostrou-se com mais história do que eu esperava, e a companhia na viagem ajudou.

Parti na segunda-feira. O GPS foi indispensável para chegarmos ao destino, porque não ficámos alojados propriamente na capital espanhola, mas sim numa vila perto dela, a quinze minutos de carro. Os apartamentos eram confortáveis, e passámos o resto do dia nessa tal vila. Jantei à noite numa praça movimentada, com pessoas a passear e a comer às onze da noite. A parte negativa foi que jantei num restaurante turco, acho eu. Comi Kebap, ou lá como se chama; e os molhos estavam demasiado condimentados. Fiquei mal disposto, mas esqueçamos essa parte.

Senti-me inspirado naquele local. Peguei numa caneta e num bloco e criei um poema. Fraquito, como todos os outros meus, e um pouco aldrabado, porque fala das ruas de Madrid, mas na verdade fala das ruas daquela vila. Diverti-me imenso com a S., o M., o G., e a P. E já agora com o meu pai, com a minha mãe, com o P., a P., a A. e o B.

Fui-me deitar já passava da uma. Um novo dia me esperava na manhã seguinte. Tinhamos decidido passar a terça-feira no parque Warner Bros, a 30km da capital.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Branco; Laranja; Cor-de-vinho-tinto.

[Fotografia abstracta de Junho de 2009. Sítio desconhecido/ não identificado]

Lembram-se daquele momento que guardei ontem aqui no blog? Aquele momento que apelidei como sendo de paz? Ainda bem que o guardei; foi como se de um pressentimento se tivesse tratado. É que hoje de manhã as coisas acabaram por não se mostrar tão calmas e bonitas.

Estão a ver a gravura, em cima? A branco é a zona de paz e alegria, a laranja a zona de quem pressente que algo se vai passar de forma diferente, e a bordeaux, ou grená, ou cor-de-vinho-tinto, ou como quiserem chamar, está o momento que estou a passar agora.

Acontece que faleceu uma pessoa próxima. Partiu em paz, e está no céu, com Deus. Mas a nós que cá ficamos, custa-nos sempre um pouco; espero não falar só por mim. Quem fica sofre, e fala do defunto, dizendo «descanse em paz». Também quero conseguir adormecer, com um pensamento positivo na cabeça. Quero que a cor-de-vinho-tinto dê lugar a um laranja, novamente. Ou a um branco, pode ser logo o contraste de cor-de-vinho-tinto com branco, não me importo.

domingo, 2 de agosto de 2009

Momento

[Os veados bordados no cortinado referido no primeiro parágrafo do post - fotografia acabadinha de tirar]

Aqui estou, nesta sala relativamente grande, a escrever num computador portátil assente sobre uma mesa redonda, coberta por uma toalha amarela com flores desenhadas (as pétalas destas são brancas). Ao meu lado direito, uma janela alta e larga, com uns cortinados bordados com veados. Depois os vidros. Depois as grades (não, não estou numa prisão; simplesmente num rés-do-chão). E depois a rua. O sol bate nas casas do outro lado da rua, embora o céu esteja de um azul acinzentado. O relógio do computador marca as 19:45 neste preciso momento, e oiço música no rádio da cozinha. Ainda há um minuto estava a dar aquela da "Vida tão só, vida tão estranha...". Não sei em que posto.

Estou sozinho na divisão, embora oiça sons pelo resto da casa, o que prova que há mais gente comigo. O computador liga-me ao resto do mundo, o que é incrível, inacreditável. O pequeno USB da Vodafone liga-me a todas as pessoas que conheço. Uma coisinha minúscula, que não chega a ter o tamanho do meu dedo mindinho (mas está lá quase).

Dói-me um bocadinho a cabeça, resultado de um dia, até ao momento, intenso. Praia de manhã; basket e leitura à tarde, no quintal. A música do rádio muda subitamente na cozinha, alguém mudou de posto. Agora é uma latina..."E la manhana fria... chegaste a mi vida como una luz... hacendo me sentir vivo ótra vez." Qualquer coisa assim. O relógio marca 19:49. Domingo bonito. Não fui à missa hoje porque fui ontem à vespertina.

O que foi? Não sabia o que escrever, mas apetecia-me escrever. Duvido que alguém acompanhe o blog com interesse, entendem, mas por vezes penso que escrevo isto apenas para mim. Senti necessidade de escrever isto. Guardar este Momento de paz, não só dentro de mim, como também num blog, coisa virtual, armazenada na sede do Blogger, algures na América.

O relógio marca 19:51. A música muda, para uma mais comercial. " 'Cause you are hot and you are cold..."

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Agosto de 2001: Paris

[Fotografia tirada por mim em Agosto de 2001 - É o original do quadro da Mona Lisa, no Museu do Louvre. Fotografia acabadinha de ser tirada do albúm de analógicas e de ser digitalizada]

Paris, a cidade das luzes (ou lá como é chamada). Para mim, foi talvez a cidade dos sonhos. Além de ser mais poético, as recordações que guardo do sítio são poucas, quase como num sonho. Foi a cidade mais longíncua de casa que já visitei. Agosto de 2001. Apanhei chuva, apanhei sol, apanhei tempo nublado. Apanhei um pouco de tudo. Visitei o Louvre, visitei Notre Dame, visitei o Arco do Triunfo, a EuroDisney (nesta última só estive um dia e meio), a Torre Eiffel, aquela zona dos pintores (penso que se chama Montmatrre), e muitos outros edifícios importantes, como a Ópera, o Museu de Cera... comi baguettes, comi na McDonalds, comi na casa dos meus primos em segundo grau, onde, aliás, fiquei a dormir toda a estadia.

Foi em 2001, como já disse. Nessa altura tinha oito anos. Oito anos não é pouco, mas tanta informação e novidade e coisas para fazer e visitar de uma vez só é o preciso para que as ideias se baralhem um pouco. Normalmente recorro à ajuda de episódios-chave para me lembrar de situações. E as fotografias também são úteis. É agora a parte em que eu conto uma situação qualquer engraçada, para finalizar o post... deixem-me cá pensar...

Já sei. Aconteceu no Museu do Louvre. Como sabem, ou talvez não, o meu quadro preferido sempre foi a Mona Lisa, do Leonardo da Vinci. Ora esta obra de arte tem uma sala exclusiva no museu, relativamente grande, e que está quase sempre cheia de gente, com máquinas fotográficas no alto, a tentar captar uma foto próxima do quadro. O que é difícil, com a confusão. Ora, os meus pais encarregaram-me da máquina por um minuto ou dois, porque o meu tamanho iria, concerteza, permitir que me esgueira-se por entre todas aquelas pessoas. E assim foi. Entre «com licença»'s e «excuse moi»'s (estes últimos muito mal ditos), lá consegui chegar mesmo à frente, olhar para o meu quadro preferido, e tirar a fotografia. Acho que tirei umas quatro ou cinco, apesar de aqui no albúm só estar uma. Não devem ter revelado as outras. AAAAAAAH, aquele momento em que estive tão perto do original do meu quadro preferido (na altura era mesmo maluquinho por ele)...

E pronto. Porque é que decidi falar desta minha visita a Paris, de 2001? Porque ando a escrever uma história que tem exactamente o título "Paris", e... achei que podiam estar interessados. Ok, eu admito, apenas me apeteceu falar sobre esta cidade. Quem sabe, fale sobre ela outra vez brevemente. Porque tenho saudades de lá....

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Grande Passo da Humanidade

[Capa da revista TIME do dia 25 de Julho de 1969, quatro dias depois da chegada à Lua - hoje, quarenta anos passados, festejamos exactamente o quê? O «grande passo da Humanidade»?]

A Lua. Até ao início do século XX era uma bola redonda no céu, a iluminar as ruas de forma natural durante a noite; objecto de inspiração para os poetas e cantores; companheira de desabafos para tantos desgraçados que a mais ninguém tinham como amigos; um queijo fatiado de acordo com as várias fases; o sinónimo da transformação de todos os lobisomens.

E então surgiu o Ano (e meio) Internacional da Geofísica, que decorreu entre 1 de Julho de 1957 e 31 de Dezembro de 1958. Durante este período de tempo, a Terra foi analisada pelos mais famosos geólogos do mundo, e quam também se meteu ao barulho foram os cientistas que, em vez de olharem só para baixo, olhavam também para cima: para fora da terra, para o céu... e para a lua!

Onze anos depois desta comemoração, já o homem tinha pisado a lua. Naquela que foi uma viagem de 4 dias entre a Terra e o seu satélite natural, três austronautas muito ousados viajaram para longe... muito longe... até ao tal queijo, à tal confidente dos solitários, ao tal farol da noite... foi lance Armstrong o primeiro homem na história do mundo a pisar a superfície lunar. É nestas alturas que uma pessoa usa a tal frase na qual tem andado a pensar nos últimos meses. No caso dele, foi a famosa: «Um pequeno passo para o Homem, um grande passo para a Humanidade». Temos de admitir que este austronauta tinha o seu quê de poeta.

E hoje, quarenta anos volvidos desde esse dia, suspiramos, e pensamos que a seguir a isso poucos mais homens viajaram para tão longe; agora as sondas não são tripuladas, e poucos são os homens que se aventuram no espaço. Nós, singelos humanos no meio de todas estas aventuras e descobertas inter-galácticas, limitamo-nos a abrir a boca e os olhos e a dizer Ahhhhhhhhhh...... E cá esperamos por mais novidades do nosso Universo. Enfim.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Probabilidades e Marcianos

[Janeiro de 2008 - foto que mostra a lua, numa daquelas vezes em que ela aparece com este tamanho e esta cor]

Já que ando numa onda de repescar fotografias com alguns anos para meter aqui no blog (a anterior era de 2006, e esta é de Janeiro de 2008), encontrei esta aqui nos meus arquivos. Está bem, a fotografia não tem nada de especial, mas mostra uma lua muito característica, provavelmente com o aspecto que eu mais gosto nela. Cor-de-laranja, grande, a assemelhar-se assustadoramente com Marte. Uh...

E depois podemos pensar que é exactamente o planeta vermelho que está ali. Aproximou-se da Terra por uma razão misteriosa, e agora ficará a fazer companhia à lua. Mas, nesse caso, onde se mteu o nosso satélite natural? Hm... podemos imaginar que trocou de lugar com Marte, e foi morar para longe, tornando-se uma planeta independente!

E agora os marcianos estão mais perto de nós, e já não precisam de tanto tempo de viagem para nos visitar. Assim, podemos concluir a partir desta fotografia, que a partir de Janeiro de 2008 passou a ser duplamente mais provável vermos naves de marcianos voarem no céu. A probabilidade passou de 0,0000000000001 para 0,00000000000002, o que é significativo. Apesar disso, ainda não deixou de ser improvável.

Talvez aproximando Marte mais uns quilómetros... não sei, o que acham vocês? Eu penso que apesar de tudo não devemos aproximá-lo demasiado, senão também nos tapa a vista do céu. E depois deixamos de ver as estrelas, e as estrelas deixam de nos ver a nós, e assim passa a ser muito menos provável de vermos naves de outras galáxias passarem ao pé da nossa janela. O que seria muito desagradável para aqueles que passam a vida à espera desse momento.

[Ok... que devaneio foi este?]

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O raio do puzzle

[Fotografia tirada em Maio de 2006 - O puzzle de mil peças do Leonardo da Vinci]

Hoje vou falar-vos acerca deste puzzle que ainda hoje me dá pesadelos, porque... ok, eu vou directo ao assunto. Demorou dois anos e quatro meses até ser completo. É claro que não ia trabalhar nele todos os dias! E também é verdade que chegou a ser desmontado quando ainda faltavam 2/3, e começado a montar novamente alguns meses depois... mas mesmo assim foi frustrante.

Maio de 2006: recebi um puzzle de mil peças que era como que uma rapsódia das obras mais conhecidas de Leonardo da Vinci. Tinha o Homem de Vitrúvio no meio, a Mona Lisa em baixo do lado direito, a Última Ceia a ocupar toda a parte superior... e mais um ou outro quadro dele. Uns dias depois de o ter recebido, abri a caixa pela primeira vez no chão do meu quarto, tendo despejado todas as peças por cima de um pano. O momento foi captado na máquina fotográfica, e aí está.

Julho de 2006: o entusiasmo inicial passou passado dois dias, e o puzzle tinha ficado apenas 1/4 completo. De vez em quando lá ia metendo mais uma ou outra peça, mas nunca avançou quase nada.

Outubro de 2006: o puzzle continuava no mesmo sítio, parado. Achei que era melhor guardá-lo, já que estava a ocupar espaço no chão do quarto, e eu nunca pegava nele. Destruí tudo o que tinha feito, e guardei-o.

Agosto de 2007: Levei o puzzle para a minha casa de verão na Costa da Caparica para o fazer. Estava determinado, tinha de ser daquela vez. Mas não... nem por isso. Nem sequer abri a caixa.

Junho de 2008: 10 meses depois, vi o puzzle na casa de verão. Lembrei-me dele. E apeteceu-me, naquele preciso dia, começá-lo de novo. E assim foi. Nesse dia consegui completar o contorno todo, e dividir as peças por cores (só uma parte). Mas como só em Agosto é que estou lá todos os dias, não o pude avançar.

Agosto de 2008: O puzzle começou a chatear-me a sério. Mesmo!!!!!!! Estava em cima de uma tábua de madeira em cima da mesa da sala, e todos os dias ao jantar tínhamos de o tirar de lá com cuidado, e voltar a pôr depois. E todos os dias ao serão avançava mais uma e outra peça... as pessoas da minha família (não só a família de casa, também tios e primos!) quando iam passar connosco um dia lá, também ajudavam no puzzle...

Setembro de 2008: Finalmente, num dos primeiros dias de Setembro, acabei-o! Deixei-o ficar inteiro por uma ou duas horas, mas depois não resisti. Estava tão furioso com o puzzle que o destruí todo. Dá tanto prazer tirar as peças, assim de uma vez, e colocá-las dentro da caixa desordenadas. Destruíra em dez segundos o que demorar dois anos e quatro meses a fazer...

Hoje? Hoje acho que tenho a sensação de que nunca mais quero ver a caixa daquele puzzle à frente. E se a vir? Não sei, mas é melhor não arriscar.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Alice in Wonderland - Março de 2010

[Uma das primeiras imagens de apresentação do filme «Alice in Wonderland», versão da Disney de 2010, realizado por Tim Burton - encontrei a imagem na zona da IMDB relativa ao mesmo, aqui.]

Um dia, a Alice deixou-se dormir no jardim enquanto ouvia a mãe contar-lhe uma história. De repente, acorda ao ver um coelho passar, levando um relógio na mão, e afirmando estar atrasado. Alice segue-o, entra na sua toca, e num mundo de maravilhas.

Recebi há uns minutos a informação de vai estrear em Março de 2010 mais uma versão adaptada ao cinema de "Alice in Wonderland", só que desta vez vai ser muito especial: o filme será realizado por Tim Burton, e entre os actores principais estará Johnny Depp.

Não podia estar mais ansioso. A única versão que já vi deste filme foi a da Disney, anima a 2D, de 1951. Adorei a história, mas isto já foi há uns anos, e desde então sempre me apeteceu revê-la, mas a cassete entretanto estragou-se. Há um ano surgiu vontade para o ler, mas muitos livros se entrepuseram, e nunca o cheguei sequer a comprar... e então, ao passear pelo grandioso mundo da Internet, encontro esta imagem que faz de cabeça do post, e um pequeno texto por baixo que indicava que ia ser feito o filme, nas condições de que já falei. Fui logo pesquisar ao IMDB... e lá está.

"Alice in Wondeland" - Alice no País das Maravilhas - é uma história non-sense, que agora será realizada exactamente por um realizador conhecido por ser um bocadinho non-sense, que gosta de brincar com o real e a fantasia, e misturá-los. O filme será filmado com imagens reais, depois certas partes serão animadas a computador, e outras ainda terão efeitos 3D no cinema. mal posso esperar. E vocês?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Túmulo das Musas

[Esta cara é um pormenor de um túmulo (Túmulo das Musas) com cerca de quatrocentos anos, exposto no museu do Convento do Carmo, em Lisboa - foto de Maio de 2009]

Oh não, que assustador, uma cara a olhar para mim! Uma cara talhada em pedra, com os orifícios dos olhos e da boca muito bem assinalados e escavados na rocha primitiva! Socorro! Quem talhou esta cara, e porque é que o fez? Para me assustar? Não creio, porque nem sequer estou assustado. Consegui enganar alguém?... Bem me parecia.

Caso ainda não tenham lido a legenda desta imagem, provavelmente ainda estão em suspanse acerca da origem desta face de pedra. Se calhar até já estão a pegar na vossa máquina e a aproximarem-se da porta de casa para irem a correr fotografar esta cara, que está muito bem escondida no mundo. Na verdade, acho que a imagem não deve estar muito longe do seu tamanho real. A cara é de facto desse tamanho, e representa...

Querem mesmo que vos diga? Ora bem, eu já a vi há uns tempos, é possível que possa estar a fazer confusão com outra coisa qualquer. Mas lembro-me perfeitamente que vi esta cara nas ruínas do Convento do Carmo, em Lisboa, aquele que foi parcialmente destruído pelo terramoto, e ficou sem tecto. Sim. Visitei o interior deste monumento pela primeira vez há dois meses.

Dentro desse Mosteiro existe uma espécie de museu, dedicado a túmulos antigos. Entrei... o ambiente estava escuro, e os túmulos erguaim-se do chão... viam-se flashs aqui e ali...a tensão reinava entre os presentes... de repente.... nada. Não aconteceu nada. Virei à direita, entrei na segunda sala, e vi um túmulo chamado O Túmulo das Musas (se não era isto era muito parecido). Esse túmulo tinha esculpido a toda à sua volta mulheres, com aquelas vestes que parecem de seda, e cada uma pegava num objecto diferente.

A cara que vemos no ínicio do post não era nada mais do que o objecto que uma das mulheres estava a pegar, numa alusão à máscara de teatro. Afinal não tem nada de assustador, pois não?... Pois. De qualquer das formas fiquei encantado com esta cara. Não sei, parece uma bolacha, dá-me fome... estranho, não é? Mas o mais engraçado é que a "mulher" esculpida que segurava essa cara não tinha cabeça, porque tinha sido roubada, ou desgastada com o tempo.

Só por curiosidade final: no interior do Túmulo das Musas repousava uma mosca morta, de patas para o ar, mesmo morta. Achei piada à relação entre o nome do túmulo e o ser que repousava no mesmo.

Ah, e já que eu sou uma pessoa muito piedosa e boazinha, podem ver uma foto do túmulo inteiro, para melhor se contextualizarem, carregando aqui (a foto também é minha). Já viram? Entraram no blog como pessoas normais e saíram mestradas neste túmulo. Incrível.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma ida à praia

[Uma praia na Costa da Caparica, no dia 27 de Junho de 2009 - sete e meia da tarde]

No sábado fui à praia. Não fui no sentido de lá ter ficado muito tempo, ou de sequer ter estendido a toalha. Eram sete e meia da tarde quando por lá passei. Desci as escadas de madeira, aqueles 10 degraus (se tanto), e tirei as sandálias, levando-as na mão, enquanto caminhava pela areia. Sentir os pés enterrarem-se naquela superfície móvel é uma sensação muito boa, não só para mim como provavelmente para a maioria das pessoas. E, embora a areia já tivesse arrefecido (estava um pouco nublado, e além disso o sol estava já em recta final para o horizonte), a minha alma aqueceu, porque estava na praia, e naquele momento era isso que mais desejava.

A água não estava muito fria, mas também só molhei os pés. No bolso levava a minha máquina fotográfica. Tirei-a de lá, e liguei-a, expondo-a assim à areia que voava pelo ar, e arriscando-me a estragar os próprios mecanismos do aparelho. Tirei uma fotografia ao céu e ao mar, depois tirei uma à areia e ao mar, e depois virei-me para trás, e captei o momento representado na fotografia acima. Os meus passos estão no meio desses todos, se quiserem divertir-se a procurá-los.

Apetecia-me ter ficado ali até a noite ter ocupado por completo o firmamento. Apetecia-me ter captado na fotografia o som das ondas, e do mar, e das (poucas) pessoas que ali se encontravam. A paz daquele lugar, a sensação de estar em casa (muito estranho, eu nem sequer sou muito adepto de praia) preencheram-me.

Senti-me assim... completo. Há coisas que não se conseguem explicar.

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para quem acha a letra do blog muito pequena, porque já houve pessoas que se queixaram, podem aumentá-la fazendo o seguinte: deixam a tecla "Ctrl" (Control) em baixo, e rodam a rodinha do rato para a frente ou para trás, para regularem o tamanho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sara

[Junho de 2009, à saída da escola, captei este momento; é um extracto de uma das camisolas da Sara]

Celebra hoje o seu décimo sexto aniversário a melhor coisa que este décimo ano de escolaridade me trouxe. Uma rapariga chamada Sara.

Segunda-Feira, 15 de Setembro de 2008.

8h 3om. Entro na sala de aula de inglês, a primeira aula do ano lectivo. Sento-me na terceira fila a contar da janela, e na quarta mesa a contar do quadro. O resto dos alunos também vão entrando. Começo a tentar fixar mentalmente as caras de cada, tentando decifrar através das suas caras quem são e como são. Tentativa infrutífera, para muitos. Na mesa à minha frente um rapaz e uma rapariga exclamam contentes "Ficámos na mesma turma!" e abraçam-se a rir, numa cena que eu comparei mentalmente à Sharpay e ao Ryan do filme High School Musical. Depois sentam-se, e passam a aula inteira a falar um com outro - não que tenha sido verdadeiramente uma aula normal. As apresentações. Quando chega a vez dessa rapariga na mesa da frente, ela diz que tem quinze anos e que gostava de ser bailarina profissional.

10h 05m. Caminho até ao pavilhão de educação física, após um intervalo que passei sozinho, sem conhecer praticamente ninguém. Coloco-me à porta. Oiço alguém dizer atrás de mim "Como é que ele se chama?" "Acho que é Tiago" "Tiago!". E eu olho, e vejo a rapariga e o rapaz que tinham estado na mesa da frente sentados num banco, a acenarem-me. Já têm nomes, para mim: ela é a Sara. Caminho até eles. Não me lembro do que digo, mas falo muto pouco. Oiço-os, de vez em quando faço um ou outro comentário, e eles percebem que vai funcionar mais ou menos assim.

13h 30 m. Estou encostado à porta da sala de Matemática Aplicada às Ciências Sociais. Faltam 5 minutos para entrarmos mas eu ainda estou sozinho ali. De repente chega a tal rapariga, a... a Sara, sim, é esse o nome dela. Diz-me "Olá", e "Eu já estive com este professor nos últimos três anos, e ele atrasa-se sempre". Não me lembro do que respondo.

13h 40m. Sento-me sozinho na aula de Matemática Aplicada às Ciências Sociais. A Sara também, numa mesa ao lado. Não me importo de estar sozinho, em todas as aulas tem acontecido o mesmo.

* * *

Terça-Feira, 16 de Setembro de 2008.

10h 10m. "Anda connosco, Tiago", diz-me ela, quando saímos da primeira aula do dia. Pedem-me para passar o intervalo com eles. Registo isso na minha cabeça - vai ser assim. Aos poucos começo a descobri-los, aos poucos eles começam a descobrir-me.

17h 10m. Aula de Matemática Aplicada às Ciências Sociais. A Sara não levou o livro, pede para se sentar ao meu lado. Digo "Claro", e afasto a cadeira para ela se sentar. Para mim, começou aí.

* * *

Só para que conste, na aula seguinte ela levou o livro, mas foi sentar-se novamente comigo. Eu registei na minha cabeça - vai ser assim. E foi. Sentou-se ao meu lado nas aulas de Matemática, e passou a sentar-se a partir de certo dia nas de Geografia. Passei setenta por cento dos meus intervalos com ela. Aprendi a conhecê-la bem. Deixou de ter incógnitas, a ponto de prever o que ia fazer ou dizer numa determinada situação. Como disse, foi a melhor coisa que este décimo ano de escolaridade me podia ter trazido - obrigado pela tua amizade, Sara. E parabéns.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Última Passagem

[Ruínas de Conímbriga, Junho de 2009]

Há muitos séculos atrás, passou por baixo desta porta um romano que aqui vivia, pela última vez na sua vida. Essa passagem por dentro desses limites de paredes e tecto não ficou registada na memória de ninguém, ou perdeu-se passado algumas gerações... ou, e seria tão bonito acreditarmos nisso, a memória dessa última passagem desse homem por baixo desta porta continua presente nos nossos dias. Talvez se tenha preservado o seu nome, a sua idade, a causa da morte, se a última passagem pela porta foi de fora para dentro de casa ou de dentro para fora, se o homem reparou na porta, enfim... muitas perguntas podem ter uma resposta. É possível que alguém saiba. Os descendentes dos descendentes dos bisnetos desse homem.

Ou então toda esta vã esperança é logo morta à partida com o facto possível de ser descoberto de que nunca passou um homem por essa porta, visto que dava acesso a uma residência só de mulheres. E, sendo assim, a esperança de encontrarmos no mundo uma resposta às tais perguntas se desvanece no ar, como água que passa a vapor e se dissipa... porque simplesmente não existem dúvidas, nem questões, nem nada.

domingo, 21 de junho de 2009

Os Futurologistas da Ficção

[Ponte 25 de Abril em Lisboa, dia 15 de Junho de 2009 - eu sei que não tem nada a ver com o conteúdo do post, mas... sempre podemos tentar estabelecer uma qualquer comparação. já voz digo uma possível no fim do post.]

Enquanto leio «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro», do genial George Orwell, não deixo de pensar nesse tipo de "profetas escritores" que cresceram bastante durante o século XX. Este tipo de futurologia na ficção, na qual nasceram os robots e as viagens à lua (que se vieram de facto a confirmar), mas também o apocalipse e a ausência dos sentimentos nos humanos... bem, a verdade é que estamos cada vez mais próximos desta última do que seria de esperar, mas pronto. Consideremos que ainda somos donos das nossas emoções.

Neste livro que já referi, entre muitas outras coisas da sociedade que o autor previu que estaria em vigor em 1984 (ele escreveu por volta de 1950), uma delas é a presença de câmeras de vigilância em tudo o quanto é sitio, sempre a vigiarem os nossos movimentos, tudo o que falamos é registado, para onde quer que vamos somos vistos de perto, como se as autoridades fossem uma sombra. Bem... isto acontece nos nossos dias, embora em menor escala. A verdade é que já temos demasiadas cãmeras a registarem tudo, o que nos pode parecer bom (porque nos habituámos e só vemos os lados positivos) mas que nos tira um pouco de liberdade, diga-se de passagem.

Há uns anos havia na televisão o tal concurso muito falado do Big Brother (concurso esse que derivou do conceito criado pelo próprio George Orwell no seu livro). Nesse programa, uma série de 12 concorrentes estavam fechados numa casa a serem sempre vigiados. Bem, acho que o Big Brother se alargou à sociedade em geral por todo o lado. Veja-se, por exemplo, o Google Earth. É um primeiro passo. Ou, ainda mais assustador, a vista de rua que o Google Maps oferece. Em Portugal ainda não está disponível, mas se nos mapas procurarem Paris e se aproximarem, deslocam o bonequinho cor de laranja para um ponto do mapa e vêm tudo a 360º à vossa volta, incluindo as pessoas que lá passavam naquele momento, de 50 em 50 metros. É assustador. Vejam por vocês mesmos carregando aqui (mas primeiro acabem de ler isto até ao fim).

Futurologistas da ficção - é claro que se baseiam em tendências da época para escreverem os seus romances e ensaios, por vezes elevando a suposta realidade a um expoente máximo, de forma a chocar mais. Mas a verdade é que muitos têm acertado... agora, cá ficamos à espera da verdadeira guerra das estrelas. E, já agora, do apocalipse - já não deve faltar muito. Até lá, podemos contentarmo-nos com os robots e as câmeras de vigilância.

[quanto ao resto da legenda prometida no início da... legenda... sempre podemos imaginar que coloquei aquela imagem porque a ponte também pode ter feito parte da futurologista de ficção que viveu algures no século XIII. isso nunca se sabe. mas sintam-se à vontade para estabelecerem ligações entre a ponte 25 de abril e o tema do post...]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Hoje está mais fresco

UPDATE (7 da tarde): Esqueçam; afinal a partir da hora de almoço que isto está igual aos outros dias... calor insuportável.

Ok, isto é o seguinte: apetece-me escrever aqui mas não sei o que escrever. Pronto, sou sincero, já é um ponto positivo. Se me apetece escrever que escreva, não é? Visto que não é obrigatório ninguém ler isto. Nem obrigatório nem aconselhável. Como podem ver, é até um pouco insano.

Podia falar acerca do tempo. Hoje está mais fresquinho, por exemplo. Talvez se deva ao céu nublado, mas sinto que não é só a isso. Provavelmente é devido a uma frente fria que está a passar pelo nosso território... aprendi isto em Geografia A há pouco mais de um mês e meio, e já me esqueci. Ou, melhor dizendo, o que aconteceu foi que não apreendi totalmente.

Ora, ao não apreender, não percebo hoje o porquê de estar mais fresco. Pode ser um clima contra-a-lógica, devido ao aquecimento global, ou assim. Pode ser simplesmente uma partida do fim da Primavera (ouvi dizer que o fim da primavera é muito brincalhão - estou a brincar). Ou então... ou então pode não ser nada, e não está mais fresco, sequer! Talvez seja só eu a imaginar, e a desenvolver um tema que, apesar de tudo, tem sempre pano para mangas (as das camisolas, não as de comer - ou será ao contrário?).

Enfim. Não levem isto muito a sério. As férias têm destas coisas, pelo menos comigo. Fico ansioso à espera delas, mas quando finalmente chegam já não as quero, porque sinto que muitos tempos são vazios, ou mal aproveitados. São boas por um lado, sim. Mas não por o outro.

Pequena Anotação: Só no fim é que reparei, mas um post sobre o tempo metereológico (como este) também liga muito bem com o título deste blog. Curiosamente.

Segunda Pequena Anotação: Como podem conferir pela imagem, que retrata este exacto momento aqui na minha zona habitacional, o tempo está mesmo mais fresquinho. Engraçado como uma fotografia consegue transmitir sensações térmicas.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O tempo passa.

[Coimbra à noite no dia 13 de Junho de 2009 - lindíssima]

O sol nasce a cada dia, a cada noite os candeeiros de rua se acendem, os edifícios permanecem no mesmo local, e sempre que uma luz incide sobre algo nasce uma sombra. Mas o tempo passa.

Cumprimentam-nos sempre dizendo "Bom-dia!", e despedem-se de nós com um "Até logo!", cantam-nos os parabéns quando fazemos anos e riem-se da mesma forma todas as vezes que contamos algo engraçado. Mas o tempo passa.

Julgamos conhecer de cor a nossa terra, julgamos conhecer de cor a nossa casa, sentimos depressões porque os dias são sempre iguais, vamos ao médico e tomamos drogas porque os dias são sempre iguais. Mas o tempo passa.

Adoecemos e curamo-nos, uns nascem e outros morrem, vivemos longe da família ou vivemos perto, fazemos escolhas que receamos determinarem o nosso futuro. Mas o tempo passa.

Sim, o tempo passa. E a prova está nesta sucessão de dias e noites, nesta rotina imaginária que imaginamos ter, neste conhecimento modificado a cada minuto, neste mundo de constantes mudanças, nestas coisas da vida e da morte, nas alegrias e nas tristezas que se sucedem. Sim, o tempo passa.

O tempo passa.
 

Crónicas do Tempo que Passa © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness